quarta-feira, 31 de março de 2010

o coração amarelou.




'chorar por tudo que se perdeu,
por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser,
pelo que perdi de mim,
pelo ontem morto,
pelo hoje sujo,
pelo amanhã que não existe,
pelo muito que amei e não me amaram,
pelo que tentei ser correto e não foram comigo.
meu coração
sangra

com uma dor que não consigo comunicar a ninguém,
recuso todos os toques e
ignoro todas tentativas de aproximação.
tenho vergonha de gritar que esta dor é
só minha,
de pedir que me deixem em paz e
só com ela,
como um cão com seu osso.'

Caio F.






Muita coisa mudou dentro de mim, fedo. Esta dor que senti - e sinto - fez as coisas ficarem de um jeito estranho por aqui. Atingiu tudo aqui dentro, todos os órgãos, fez das tripas coração. Mais ou menos isto, sabe? Como se tudo aqui dentro fosse só coração sangrando, mas só porque a gente acha que é só o coração que dói quando estamos tristes. O estômago virou coração, o fígado virou coração, o pâncreas, o pulmão... tudo virou coração! E talvez por sentir tantos corações dentro de mim, fedo, eu me surpreendi. A lágrima caiu, a força veio, o sonho permaneceu, a fé aumentou e o amor... ah, o amor! O que dizer dele? O amor, meu nego véio, continua inexplicável. Ele é mais ou menos como o sol, mas dentro de mim. Me ilumina e me aquece. Acho que é pra eu poder sobreviver mais uns dias, meses, anos... o tempo não importa, você sabe. Porque o sol nunca morre.

Se aí não for para sempre primavera, tenho certeza de que é sempre verão.

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