sábado, 12 de junho de 2010

ferida aberta.


O dia está acabando e nem foi tão ruim assim. A casa está cheia. O Ituo está aqui, sabia? Você também estaria. Ou melhor, você também está. Ontem teve yakissoba... e claro, me lembrei de você na hora. Você deve ter visto aquele panelão enorme e deve - com certeza - ter olhado pra minha cara e suspirado daquele jeito que só você sabe: 'rapaaaaaiz...'

Não adianta mais dizer como eu sinto a tua falta, né fedo? Porque isso não diminui nem ameniza nada aqui dentro. Só me faz me sentir uma bocó por ficar repetindo sempre a mesma coisa. Fazer o que. A vida tem dessas babaquices. E a morte também.

Lembrar daquele 12 de outubro ainda dói fundo em mim. As palavras da Ka - procurando encontrar a maneira mais adequada, ou menos trágica, de me dar a notícia - fazem eco aqui dentro, o meu choro e desespero daquele dia ainda me fazem querer acreditar que é tudo um grande engano, numa esperança burra de que ja ja eu acordo e te vejo esparramado ao lado esquerdo da cama.

Mas a vida não é assim.

Queria esquecer - por alguns minutos - aqueles olhares preocupados de todos que eu amo. O peso deles - e a angústia também - me faziam ter certeza de que a situação era realmente grave e preocupante. E que a esperança - a minha - era definitivamente burra. Você partira. De repente. Sem ter escolhido nem avisado. E não voltaria. Não voltou. Não voltará.

Fiquei dias implorando pra Deus te mandar de volta. Na minha maior ingenuidade e com a minha maior fé. Como se isso fosse possível - e por que não seria? Chorei sem parar dias seguidos e pensei que, talvez, Deus poderia sentir pena de mim e fazer algo a respeito. Qualquer coisa. Aí Ele fez. Me mandou o apoio incondicional da minha família, o apoio dos meus amigos, da tua família e, inclusive, dos teus amigos, fedo.

Mas a dor era minha. A dor é minha.

A maldade humana interrompeu a nossa história. Me obrigou a guardar numa gaveta sonhos e planos. Me fez sentir uma dor tão profunda que nenhuma pessoa de 20 e poucos anos deveria sentir. Aliás, que ninguém deveria sentir. Faz 8 meses que eu penso e repenso em tudo o que aconteceu e não consigo encontrar um rumo. Eu sei que certas coisas levam muito tempo para se acertarem. E eu sei que a minha vida vai se acertar. Mas, o que foi que aconteceu, meu Deus?! Me diz...

Certas coisas, meu rapaz, são tão implacáveis que dá vontade de fugir correndo e não parar nunca mais de correr. Te perder assim, como num passe de mágica, é uma dessas coisas. Mas lembra, por favor, da última coisa que eu te disse quando nos despedimos: 'se cuida!'. E se a vida não é mais do que uma simples viagem até aí, vou pra sempre me lembrar das tuas últimas palavras: 'boa viagem, viu...'. Até que a porta do elevador se fechou. Mas consegui trazer o abraço e o beijo comigo. E você, lindudo, acabou levando meu coração.

Se cuida...

Um comentário:

Anônimo disse...

QUE LINDO ISSO ......
FORÇA FORÇA E CONFIE SEMPRE EM DEUS.....
ABRAÇOS TE ADMIRO MUITO MOÇA