quinta-feira, 29 de julho de 2010

décimo terceiro andar.







'... eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou...

eu escrevo e te conto o que eu vi
me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim...'

Rodrigo Amarante



Não é mais o primeiro andar. Já é o décimo terceiro, fedo. Acredito que sim. Décimo terceiro pra dar sorte. Porque ela já foi tirada e agora é hora de ter.

Nunca havia morrido tão dolorosamente como desta vez. E como tu sabes, depois de morrer, é preciso se levantar e recomeçar a andar. Não sem antes ter rezado muito. Dói. Mas é necessário.

Eu que nem sei mais quem sou, nego véio, me pego surpresa lembrando de mim mesma nos nossos momentos. Chego a duvidar que era eu. Chego a duvidar que aquilo agora é isso. Mudei. Talvez ninguém perceba. Ou talvez todos percebam, o que dá no mesmo.

Gosto muito do que sou agora, fedozinho. Porque desse jeito que fiquei, você cabe inteirinho dentro de mim. Cresci. Antes, eu tinha que fazer um esforço danado pra te acomodar bem confortável aqui. Agora, você cabe e ainda sobra uns espaços pro que eu quiser por. Bom, não é?

Mas é como eu sei, e você também sabe. Isso não é pra qualquer um. Tampouco é motivo para se vangloriar. É um tal que acontece em alguns. E a única coisa que se pode fazer é aceitar. Aceitar pra suportar. É um alargamento de tudo bem bonito. No começo, é feio e vermelho. Depois, vai tomando uma forma inesperada, a gente se surpreende, as cores mudam junto com a perspectiva, e o que resulta é um trabalho lindo de se ver e de se ter.

Isso que tivemos é a obra-prima mais perfeita de todas que existem. Única, exclusiva e não oferece a menor possibilidade de cópia.

Um beijo, lindudo subaquento.
Te amo com todas as minhas forças (e acho que é isso que me faz suportar a saudade.)

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