domingo, 1 de agosto de 2010

docemente fortes.

'Se a gente cresce com os golpes duros da vida,
também podemos crescer com os golpes suaves na alma.'

Cora Coralina



Você já me feriu tão suavemente nesta vida, gatinho. Por causa de você, já dormi sorrindo; já sonhei acordada; já quis ser mãe, avó, bisavó, mulher. Por causa de você, nego véio, já chorei o abandono; já solucei por um amor não correspondido; já implorei aos prantos a Deus, para que Ele me fizesse te esquecer. Por causa de você, fedozinho, já fui a mulher mais feliz do mundo; já me senti linda; já chorei de saudades; já conheci o verdadeiro sentimento.

Aquele um, sabe? Que depois de descoberto, você nunca mais se esquece. É aquele sentimento bonito que independente do que já te fizeram na vida, você quer fazer deste mundo um lugar melhor, você quer ver a outra pessoa feliz e plena... e não importa quanta dor você sinta ou por quanto aperto você passe, porque a melhor recompensa é saber que aquela pessoa - AQUELA - ainda consegue manter o sorriso sincero na cara, o brilho nos olhos e sonhos no coração.

Por causa de você, pançudo, já rezei ferozmente pedindo - quase exigindo - que Deus te protegesse; já briguei com Deus; já aumentei minha fé só pra conseguir te carregar comigo. Por causa de você já briguei com muita gente; já me achei burra e teimosa, pra depois aprender que não era burrice - talvez teimosia - mas sim sentimento, coisa do coração, inexplicável portanto. Por causa de você, já desacreditei em finais felizes; já voltei a acreditar em finais felizes; já quis ver sinais em tudo o que havia ao meu redor, pra me convencer de que era pra ser assim e que, desta vez, a gente tinha a bênção de Deus.

Por causa de você, sou mais bem humorada; levo a vida menos a sério, sem nunca me esquecer o valor que ela tem; dou muito mais valor ao que realmente importa. Por causa de você, barbudo, sinto um buraco no peito que não vai se fechar e esse é o único golpe duro que tive. Porque não veio de você, veio da vida. E a vida é implacável demais e muitas vezes não gosta de sutilezas.

Você veio chegando me dando pequenos golpes suavizando minha alma. Embora eu sentisse que eram dores horríveis, hoje, sei que foram doces. Dores doces. A vida é a única capaz de dar uma dor amarga, porque o amor só nos dá dores doces.

Mas tudo faz crescer, não é, coisa bonita? Não faz ficar mais inteligente, mais bonito, mais mais mais... faz sim a gente endurecer suavemente. Como diria Che, com ternura.

Um abraço bem forte e um cheiro no cangote.
Te amo.



'...
- só sei que nos amamos muito...
- por que você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?
- não, eu falei no passado!
- curioso né? É a mesma conjugação.
- que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?
- e não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações...
- pensar assim me assusta.
- por que? Você acha isso ruim?
- é que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais...
- você usou o verbo 'doer' ou 'doar'?
- [pausa] pois é, também dá no mesmo...'

Gian Fabra


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