quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

silêncio.

'Sou tão feliz em sentir
que me calo para sentir mais;
foi em silêncio que nasceu em mim uma teia tenra e leve:
esta suave incompreensão da vida que me permite viver.'

Clarice Lispector





Foi em silêncio que nasceram as coisas mais puras e verdadeiras em mim. Não entendo como se vive com tanto barulho, tanto diz-que-me-diz, tantos blas blas blas, tantos elogios furados, tantas críticas hipócritas... desconfio, fedo, das pessoas que falam demais.

Aqui, nesse mundo, por favor, continua valendo o tal recado: se não tem nada a dizer, não fale. E se tiver, fale com cuidado, com calma, clareza e certeza.

Acho impressionante a falta que você me faz. Acho impressionante a falta de humanidade que há aqui, ao meu redor, depois que você se foi. Não porque as pessoas sejam más. Pelo contrário, ainda há - graças a Deus - pessoas muito boas perto de mim. Mas a tua partida deixou tudo muito mais vulnerável e passageiro. A inocência de acreditar que o bem sempre vence, que o trágico nunca nos atinge, que assassinato é só com a família dos outros foi por água abaixo. De repente, a inocência foi maculada e transformou-se em realidade pura, como todos os noticiários que vemos todos os dias na TV.

Me pergunto eu, fedo, na minha doce ilusão de que sou especial, que decepção - ou frustração - maior que esta a vida pode me guardar?

Amo você, muito, desde sempre, para sempre.
Você me faz falta, cara de cu... um dia, quem sabe?, entenderemos tudo isso.

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