quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

é bonito.



"Aprendi a viver com o que não se entende"
, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector.


Tá aí uma coisa que eu aprendi mesmo, fedo.

Às vezes, ainda, bate uma dúvida se eu realmente aprendi. É quando vem aquele desespero, sabe? Aquele um em que eu não paro de me perguntar por que diabos isso tudo foi acontecer. O desespero fica maior ainda quando eu tenho certeza absoluta de que tá tudo errado, que Deus deve ter se enganado e que sim, é possível sim, voltar atrás. Aí eu fecho os olhos, fedo, e fico bem quietinha, só esperando ver esse tempo voltar. Mas não volta... Então levanto, faço qualquer coisa que eu tenha que fazer ainda, rio, lembro de você, choro, lembro de você, converso, lembro de você, tomo banho, lembro de você, bebo, lembro de você, como, lembro de você... e chego até a me perguntar:

- Jisuis! Como é que separa uma vida que é minha também? Morro um pouquinho ou não separo coisa nenhuma e continuo vivinha da silva?

Mas sabe o que é, fedo? Não tenho coragem de morrer um pouquinho. Primeiro, porque ou se morre de uma vez por todas ou não se morre coisa nenhuma. E segundo, porque não posso me matar na parte que é você... seria o pior crime que já me cometeram.

Então é isso... nós aqui vamos tentando - e conseguindo! - viver com aquilo que não se entende. A parte boa de tudo é que por não entender, sentimos coisas que, se entendêssemos, não sentiríamos.

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