quinta-feira, 24 de junho de 2010

alma exausta.


Tô cansada de tanta futilidade. Soa hipócrita, eu sei. É impossível alguém não ter um teco de futilidade nesse mundo fútil. Todo mundo é um pouco fútil. Eu sei. Mas não é isso o que me preocupa nem o que me cansa. O que me dá ânsia é perceber que as pessoas gostam dessa futilidade toda. E pior: gostam de mostrar que gostam, como se estivessem concorrendo ao 1º lugar. Ganha quem consegue beber mais, quem tem o cabelo mais brilhoso, quem tem o carro do ano, quem tá super por dentro dos últimos lançamentos de tudo, quem tem mais fotos no orkut escrito 'euzinha'.

Tô cansada de tanto bla bla bla por pouca coisa. São tantos diz-que-me-diz de assuntos vazios de tudo. Vazios de alma. Que não são capazes de preencher nem 5 minutos da vida que Deus nos deu. E pior: fazem com que esses 5 minutos - pra não dizer 5 horas - passem completamente vazios de tudo. Pra que você quer saber se foi ele que terminou ou se foi ela? Pra que você quer saber se a mocinha trai o garanhão? Pra que você quer saber se aquela atriz já trocou de namorado?

Tô cansada de pessoas sem recheio. Pessoas que querem aparentar tantas coisas ao mesmo tempo pra provar, no fim das contas, que são nada. Nada de aproveitável pra fazer deste mundo um lugar melhor. As pessoas se perdem tanto em querer ser que acabam não sendo. É triste. Lamentável.

Tô cansada dessa arrogância humana. Dessa mania tosca de as pessoas fingirem não se importarem com coisa alguma. De ouvir comentários do tipo: 'fala mal, mas paga pau'; 'a sua inveja faz a minha fama'; 'a fila anda, mas eu sou VIP' e outras coisas do tipo. Tenho medo. Porque essa pequenez de alma tá em toda parte e, às vezes, pega os distraídos. E a gente se assusta com tudo isso.

Gente, eu quero paz.

Mas eu não tô conseguindo encontrar nesse mundo. Tenho amigos maravilhosos e uma família linda. E eu simplesmente não consigo ter paz, porque sei que em toda esquina tem um zé mané querendo te passar uma rasteira; tem um rico querendo ser mais rico ainda, custe o que custar; tem um pobre que não sabe o que vai comer no dia seguinte (se é que comeu nesse); tem uma mãe desesperada pra alimentar seus filhos; e tem gente que simplesmente acredita que tudo isso é coisa de filme.

Eu não fiz nada de errado, mas a minha consciência pesa por saber que enquanto eu como (muito bem) um outro alguém morre de fome. Não sei ser feliz da vida com tanta gente infeliz na vida.

Mas há tantas outras futilidades prioritárias para se importar antes, não é? Precisa-se cuidar do cabelo, fazer as unhas, comprar uma camisa nova para a festa de sábado, decidir qual festa será mais badalada no final de semana, estudar pra prova, ficar horas e horas pensando se compra um ipod ou uma bicicleta e, no fim do dia, dar alguma gorjeta pra algum garçom, manobrista, flanelinha... e sair com a consciência limpa de tudo acreditando ter feito a boa ação do dia e acreditando, sei lá porque, no seu papel de cidadão justo e de bom coração.

E aí você, e eu também, me pergunto: quem sou eu? Ninguém. Não posso julgar alguém por ser assim ou assado. Nem quero. Aqui, quem fala, é uma alma exausta. Profundamente exausta de um mundo cheio de falsas aparências. Exausta de tanta inversão de valores. Exausta de tanto exibicionismo. Exausta de tanto egoísmo. Exausta de tanta tristeza e dor.

Essa alma pede, do fundo do coração, amor. AMOR. O resto é consequência.




Ps: fedo, fazia muito tempo que eu não tinha essas 'crises sociais'. Acho que desde que comecei a namorar com você esses pensamentos não me atormentavam muito. Você, não sei como nem porque, me dava paz. Só a tua presença já era capaz de me dar paz. Paz de espírito. O que me fazia acreditar que tudo ia acabar bem, pra todo mundo, porque é assim que Deus quer. O problema é que o bem de Deus pode trazer junto, às vezes, a dor. E aí dói... sabe? Por mim e por todos.

Um comentário:

Felipe disse...

É bom saber que há pelo menos uma pessoa com o mesmo pensamento, que enxerga além das futilidades que muitas vezes nos sugam e nos cegam por tanto tempo, que mais e mais almas despertem para o que deveria importar, o amor e só amor.