mas dói bonito.

'E guardo num canto escondido,
mas tão escondido,
que corro o risco de procurar e não achar.
E quando acho,
dói.
Mas dói bonito.
Junto com a dor vem uma sensação de alívio por ter vivido.'

Cris Guerra

Esse alívio por ter vivido é o que me encoraja, nego véio. É o que me faz pensar que eu tenho todo o direito - e alvará teu - de ser feliz, porque eu mereço. Mereço sim.

Tenho muito orgulho de saber - e sentir - que eu não deixei nada para trás, sabe, pançudo? Tenho orgulho em saber que corri atrás do que eu acredito. E correr atrás não quer dizer passar por cima de tudo e de todos. Correr atrás é saber esperar também. É ter calma quando o coração se desespera de medo. É respeitar o mundo. É perdoar sem precisar de maiores explicações. É aceitar de volta de braços abertos. É, acima de tudo, ser sincero com o próprio coração.

Tenho o maior orgulho de dizer isso: 'o Gio? Ah, o Gio resolveu tudo comigo antes de partir. Me esclareceu tudo. Deixou o meu coração em paz e foi em paz.'

Ps: um dia mandei um e-mail pra Cris Guerra. Tamanho foi meu espanto com a força e coragem dessa mulher guerreira. O espanto maior foi quando ela me respondeu. Disse que se me identifiquei com ela, deve ser porque sou 'das fortes e que ama intensamente'. Vai ver ela tem razão.

A força veio mesmo. Ou sempre esteve aqui, sei lá. E eu nem precisei pedir. Aliás, na verdade, eu não queria saber de força nenhuma. Muitas vezes foi isso que me fez chorar desesperadamente. Porque, no fundo, eu sabia que ia me levantar, sacudir a poeira, lavar o rosto e seguir. E eu não queria isso. Porque na dor me sentia mais perto de você. A dor me confirmava a tua existência. Continua confirmando. Mas hoje sei que posso escolher uma dor doce. Uma dor que não vai me dar gastrite, choros com soluços e nem me fazer pensar em terapia.

O ser humano que sou hoje, fedo, devo muito a você.