terça-feira, 13 de julho de 2010

a beleza que ficou.




'Creio que será permitido guardar
uma leve tristeza e também uma boa lembrança;
que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades,
nem odioso dizer que a separação, ao mesmo tempo,
traz-nos um inexplicável sentimento de alívio e de sossego,
mas também uma indefinível dor.
É que houve momentos perfeitos, que passaram,
mas não se perderam porque ficaram em nossas vidas
e a lembrança deles nos faz sentir maiores,
fazendo com que nossa solidão seja menos infeliz.'

William Shakespeare






É, tens razão, sir William. Tu sabes bem o que diz. E diz com o coração.

Saudade dói, dói, dói... todos sabem. Mas quem tem essa saudade é porque amou. Porque ama. E quem a sente, nunca mais na vida estará só. Lembranças também fazem companhia. E das boas, algumas vezes.

É bom lembrar, de repente, do teu sorriso. É bom demais lembrar do som da tua gargalhada, fedo. Dá vontade de rir junto. É bom lembrar de como você comia yakissoba. É bom lembrar de como você dançava ridiculamente. É bom lembrar de como você cutucava as unhas formando aqueles buracos enormes. É bom lembrar de como você chegava em casa cansadérrimo de um dia inteiro de trampo. É bom lembrar de como você gostava do lanche do Vira Verão. E de suco de laranja também. É bom lembrar de quando você enchia minha boca de geleia de mocotó. É bom lembrar de como você sabia o nome de todas as flores. É bom lembrar do jeito que você cuidava do Negão. É bom lembrar da tua vontade de comprar um carro novo. É bom lembrar da tua barba crescida com os pêlos todos desgrenhados. Dizia você que tua barba não era bonita. Dizia eu que adorava você de barba. É bom lembrar de como a gente ria quando você fazia a barba, porque a gente pensava junto: 'nossa, ficou a cara do debilóide'. É bom lembrar de como você gostava de rock. É bom lembrar a cara que você fazia quando ouvia essa música:



É bom lembrar de como você atendia o telefone. É bom lembrar de como você me tratava quando sabia que eu estava brava e com razão. É bom lembrar de você dizendo: 'você tá certa, eu sei, desculpa...' É bom lembrar que você detestava aquele meu pijama de calça rosa. É bom lembrar que você adorava dormir com aquele macurazão. É bom lembrar que a gente sempre disputava quem ia deitar na cama primeiro pra não ter que apagar a luz. É bom lembrar que quando tava frio e você acordava cedinho pra trampar, você me cobria daquele jeito que a Lurda te cobria e falava: 'dorme, muié, dorme...'. É bom lembrar de como você fazia feijão e sempre me mandava ficar longe da panela de pressão... vai que explode, haha. É bom lembrar que quando chovia você insistia em me buscar no estágio de carro, mas você nunca sabia a hora certa que eu saía. É bom lembrar que você olhava pro tamanho do meu cabelo e dizia: 'cabiluuuuda'. É bom lembrar de como você gritava nos jogos do São Paulo. É bom lembrar do maior mico que você me fez passar na farmácia, quando falou bem alto que eu tava com micose (e nem era micose, era só umas perebinhas... hahaha). É bom lembrar que você sempre pedia pra ka mandar bentô. É bom lembrar de como você se preocupava comigo, sempre querendo saber se eu tava comendo direitinho e nunca deixando eu andar sozinha na rua quando já havia escurecido. Me acostumei a estar sempre protegida por você, me acostumei a ter sempre tua companhia que, hoje, me surpreendo como gostei de ser dependente de alguém. Alguém que era você. É bom lembrar dos teus beijos, dos teus abraços, dos teus carinhos, do teu jeito. É bom lembrar que você fez parte da parte mais linda da minha vida. É bom saber que isso ninguém vai me tirar.

Obrigada por ter me mostrado que sozinha se pode conquistar muitas coisas, mas bem acompanhada, conquista-se o mundo. Agradicida por tudo, viu... meu preto fedido!

Um comentário:

Juliana Saito disse...

Lindo, lindo, lindo!!!! Beijo prima!