terça-feira, 10 de agosto de 2010

falando em dor...




Porque hoje, fedo, li um texto da Cris Guerra. Lembra? É aquela Mulher, guerreira de tudo, que perdeu o namorado quando estava grávida. Aquela que resolveu dividir com o mundo a dor e a alegria. A dor de ter perdido o amor, e a alegria de poder manter com ela a prova viva desse amor.

Ela falou sobre dor.

Por mais que ela entenda de dor (e isso não é motivo de orgulho), ela só é capaz de falar sobre a própria dor. E por mais que eu me identifique com a dor dela, eu sei que nossas dores são completamente diferentes. Estranho isso, não é? É na dor que precisamos mais do apoio de qualquer um que nos estenda a mão e, no entanto, é justamente na dor que nos sentimos mais sozinhos.

Por um lado, a gente se sente aliviado por ser uma dor só nossa. Porque só a gente sabe como dói e, ufa!, ninguém mais sente essa coisa horrorosa que é. Mas também é muito triste, porque quando a gente chega no fundo do poço, o que a gente mais quer é dividir tudo isso com alguém, pra ouvir qualquer coisa como: "vai passar" e conseguir acreditar que realmente vai passar... mas quando a gente ouve isso, tem vontade de dar um soco na fuça dessa pessoa que diz isso, porque ela simplesmente não imagina a dimensão dessa dor, porque se soubesse, jamais diria assim, simplesmente, "vai passar"...

Dor não tem como dividir. E é por isso que nos faz crescer tanto. A gente é obrigado a encarar de frente, sozinhos, morrendo de medo de não conseguir, de fracassar, morrendo de medo de estar agindo errado. A gente tem vontade de correr pra terapia, pra ioga, pra meditação, pra igreja, pra centro espírita, pra cartomante, pra Deus, pra amigo, pra inimigo, porque parece que tudo ficou doido de vez, nada mais faz sentido e a gente se sente cada vez mais só mesmo com tanto apoio, tanto abraço, tantas lágrimas compartilhadas, tantos amigos... a gente se sente só. Na dor é assim.

E aí, como a Cris diz, a dor pode nos empurrar para um rumo melhor, basta a gente escolher isso. Como eu costumo dizer, a dor nos ensina a ser realmente humanos. Porque é só nela que a gente é capaz de sentir a essência humana. Porque é principalmente nela que Deus se faz grande e indispensável. E é através dela que a gente compreende que julgar não cabe a nós. A gente tem todo o direito de não gostar, mas não temos o direito de julgar. E é isso, nego véio, o que eu preciso aprender todos os dias, pois ainda vacilo muito.

'... E se eu puder dar um conselho, antes de mais nada a mim mesma:
não fale de uma dor que você não conhece.'

Cris Guerra

Nenhum comentário: