quinta-feira, 4 de novembro de 2010

de repente...



'E assim uma festa chata lembra muito a vida.
A eterna oscilação entre ir lá fora e voltar pro sofá,
sempre só pra ter pra onde ir.'

Tati Bernardi




E de repente, não mais que de repente, virei mulher, fedo. Dá pra acreditar nisso? Embora eu continue babaca, rindo de quase tudo o que a vida me mostra, chorando por coisas que a vida me nega, virei Mulher.

De repente, não mais que de repente, comecei a aprender a viver sem você. Prestou atenção, nego véio? Eu disse VIVER e não sobreviver. Isso não quer dizer que eu tenha superado a tua perda. Na verdade, eu não sei nem te dizer se superei ou não, fedozão... afinal, como é essa coisa de superar? Uma hora a gente pensa que tá bem, noutra parece que o mundo desabou... de repente, não mais que de repente.

E de repente, não mais que de repente, eu posso afirmar de boca cheia, coração capotando, brilho nos olhos e paz na alma que eu amei e fui amada. Que eu dei tudo de mim por você, o que não quer dizer que eu nunca tenha errado com você. E é bom descobrir que são exatamente estes erros que me fazem perceber como eu te amei e como eu fui amada.

De repente, não mais que de repente, pança loka, se antes eu achava que éramos dois jovens tentando amar certo, cada um a sua maneira, hoje eu sei que nós fomos mestres em respeito, gratidão, consideração e ternura.

De repente, não mais que de repente, nossa relação se tornou bonita demais, inacreditável demais, boa demais. E mesmo com tantos mais em nós, nada sobrava, porque a gente era grande. Ou melhor, nada sobra, porque nós somos grandes.

E com tudo isto, de repente, não mais que de repente, eu posso dizer também que nada falta. Tenho saudades. Muita. Choro? Com certeza... há noites insuportáveis, há dores incuráveis, há lembranças inesquecíveis. Mas nada falta. Eu te vi feliz e você me amou... de repente, não mais que de repente.

Senti a bênção de Deus em nós. Por isso o choro, nego véio. É pura emoção por perceber, de repente, não mais que de repente, como cheguei perto do Paraíso. Como cheguei perto da paz que se sente quando o mundo, de repente, não mais que de repente, parece o lugar perfeito pra se viver.

E agora, de repente, não mais que de repente, sinto que o que vivi em 24 anos foi o suficiente pra contar a história de uma vida inteira. E agora, tudo o que vem é o mais que sobra e o menos que falta.

Mas tá tudo bem... de repente, não mais que de repente, tudo ficou bem. Ou ficará.

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