quinta-feira, 18 de novembro de 2010

hoje...

'Hoje,
se quiser, se puder, se souber,
me fala de você.
Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta.
Fala dos seus amores,
tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração.
Fala sobre as coisas que costuma fazer
você sintonizar a freqüência do seu riso mais gostoso.
Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor,
por mais antigos que sejam.
Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias.
Do pedaço de doçura que não foi maculado.
Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia.
A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura,
a se encantar e a se desprevenir,
apesar de tantos apesares.'



Porque uma hora na vida, no meio de tantas incertezas e medos, a gente descobre que pode. Pode qualquer coisa e é capaz de qualquer coisa. Pode matar, mas pode também ressuscitar ao mesmo tempo. Pode morrer e se eternizar.

No meio de tantas maldades e injustiças, desprevenidos, nos desarmamos e nos surpreendemos. Com os outros. Com nós. Com o que tem dentro de nós. E mesmo que doa - e dói - existe uma enorme gratidão aqui dentro.

Porque a gente precisa saber que não podemos querer que dure para sempre. Esse é o nosso maior erro, a nossa maior dor. Não importa se decepcionou, se magoou, se doeu... importa que valeu a pena. Sim, naquele momento foi o que mais valeu a pena.




'Hoje eu quero conversar com um amigo
pra falar também sobre as coisas bacanas da vida.
As miudezas dela.
A grandeza dela.
A roda-gigante que ela é,
mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido
de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro.
Um amigo pra falar de coisas sensíveis.
Do quanto o ser humano pode ser também
bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas.
Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora.
Um amigo para conversar horas adentro,
com leveza,
de coisas muito simples,
como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz.
Um amigo para se conversar com o coração.'

* textos de Ana Jácomo

Nenhum comentário: