domingo, 17 de abril de 2011

cabana de amor.

E não é que é bonito mesmo?

No começo de tudo, a vida não fazia sentido pra mim. O mundo não girava, o mundo decolava em uma velocidade feroz e insana, devorando todos aqueles que não conseguiam acompanhar o seu ritmo. A vida era assustadora.

Depois, quando a vida passa a te engolir também, tudo fica mais tolerável, aparentemente. A gente começa a achar que antes era doida, porque não entendia o sentido da vida. Agora sim tudo faz sentido, a gente sabe por que nasce e por que acorda todos os dias.

Mas a vida é imprevisível. Ela gosta de brincar. Geralmente ri muito da nossa cara, algumas vezes chora junto. Parece uma adolescente desvairada que não mede as consequências. Aí ela mexe um palitinho e derruba toda a estrutura que a gente vinha construindo desde então. Vira um caos. A gente não entende mais nada, nem por que acorda todos os dias. Dói e tudo. A vida vira um luto diário, ou uma luta diária, sei lá. E a gente é obrigado a buscar forças em tudo quanto é canto... de um prato de comida que a gente nem quer comer; de uma piada chata que a gente nem tem vontade de rir; de uma amiga bondosa que a gente sente até pena por ela ter que consolar alguém como nós; de uma mãe zelosa que gostaria de viver tudo isso no nosso lugar; de um pai atencioso que não sabe o que dizer nem o que fazer. E o engraçado é que a gente encontra mesmo forças nisso tudo. Encontra de verdade.

De repente, quando a gente acha que nada mais nos surpreende, que nossa alma já está cansadérrima, com uns 80 anos e nada mais vai nos fazer rir intensamente ou chorar intensamente, a vida resolve pegar um lápis de cor amarelo e pintar um sol no céu. Clareia tudo. Coração, mente, alma. Uma doçura tão boa, uma paz tão procurada, uma raridade tão nossa. Dá medo de a vida tirar novamente o palitinho e derrubar a estrutura que se está construindo. Mas aí eu penso: "Ah, dona Vida! A senhora não me pega mais não... pois agora a estrutura é de nuvem, as luzes de estrelas e o amor de Sol e Lua. "

Mas, que fique claro:

Vida, não quero te desafiar não, viu... a gente até pode ser amigas. Mas só se eu conseguir manter essa paz que me apareceu. Combinado?


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