terça-feira, 15 de dezembro de 2009

de oswaldo montenegro.

A morte não existe.
O tempo não existe.
As ilusões precisam ser desfeitas e o amor não é uma delas.
É científica a presença pra sempre de quem amamos.
Não importa em que plano.
Não interessa de que jeito.
Nossa inteligência limitada e nossa lógica medíocre não têm como decifrar ou entender.
Nos juntaremos no futuro.
E o futuro não é na frente.
Assim como o passado não ficou para trás.
Caminham paralelos ao nosso lado.
E ali passeiam todos aqueles a quem quisemos ou queremos bem.
Só estão longe de nós nesse plano e nessa consciência limitadas.
Nesse momento fugaz e passageiro.
Nada é pra sempre na forma em que supomos.
E tudo é eterno de um jeito que jamais imaginaríamos.
Ninguém parte e ninguém voltará.
Porque tudo é aqui e agora e pra sempre.
Não é a nossa alegria que é ingênua e sim a nossa dor.
Pois ela esquece que o Universo é mágico.
Coisa que a religião cismou e hoje a ciência reconhece.
É preciso gratidão e esperança.
Mas acima de tudo saber que elas não são em vão nem à toa.
A eternidade é um fato.
Estamos todos aí pra sempre.
É hora de afeto, de carinho.
Quem partiu não foi embora, está de outro jeito.
Como um perfume fora do frasco.
Como o cheiro da maresia sem o mar.
Quem vai dizer que eles não existem mais?
A última música que os Beatles gravaram diz, na sua última frase:
"No final, o amor que você recebe é exatamente o que você deu".
Não pensem em injustiça da vida.
Porque de justiça não entendemos nada.
Pensem em amor.
Pois nisso o ser humano é divino.
E criado, sim, à imagem e semelhança de Deus.
Porque é eterno, porque gera seres.
Mas acima de tudo porque ama.
Abençoados sejam todos que estão aqui presentes.
Pois não há nenhum motivo.
Não há nenhuma outra razão para estarem aqui.
A não ser o amor.
Pois que ele inunde o coração de quem sofre dando conforto e paz.
Quando esses parecem impossíveis.
Caminhemos juntos de mãos dadas em direção à alegria.
Porque este, só este, é o nosso verdadeiro e sagrado destino.




METADE

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas.
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço.
Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste.
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito.
E que o seu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba.
E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer.
Porque metade de mim é plateia, a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor.
E a outra medade...
Também.




Para você, meu rapaz!
Bom saber que esse Oswaldo me entende.

Um beijo, lindudo!
Saudades, saudades, saudades...

Nenhum comentário: