quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a gente aprende...



'Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas...
Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim,
de ser melhor para mim e para os outros.
De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento
por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz,
e então não repetir nenhum comportamento.
Ser novo.'

Caio F.





Teve um dia que cheguei de um churrasco chorando desesperadamente de saudades de você. E por mais que eu tentasse parar, me controlar, me equilibrar sobre o fio da vida, eu não conseguia. Porque a dor estava tão grande e tão presente - e você tão ausente e tão longe - que eu não conseguia pensar em nada que me acalmasse. Eram lágrimas atrás de lágrimas, soluços, desespero, dor... a dor mais forte que já senti. Uma dor que ninguém, nunca mais, vai me fazer sentir de novo. Senti tanto desespero, nego véio, que liguei pra ka. E eu não conseguia pronunciar direito palavra nenhuma, tamanho era o choro e a saudade. Liguei pra ela sem motivo. Ou porque ainda restava aquela esperança de que mãe faz sarar tudo. De que mãe vai pegar toda a dor pra ela - ou pelo menos um pedacinho - pra nos fazer sentir melhores, mais aliviados. De que mãe vai dizer com toda certeza que vai passar. Mas dores como essa, mãe se transforma em amiga desesperada que também não sabe direito o que fazer e o que falar.

Teve um dia também, fedo, que eu soltei os cachorros em cima de um moço, só porque ele teve a ousadia de dizer que você, onde estivesse, queria que eu ficasse bem e que seguisse com a minha vida. Quase mandei o menino calar a boca (talvez fiz coisa pior), porque ele não te conheceu, ele não me conhece e não nos conheceu... então como ele pode afirmar uma coisa assim?

Teve um dia que alguém me perguntou o que estava escrito na minha tattoo. Eu olhei e disse: "amor."

Teve um dia que fiquei muito tempo me olhando no espelho e eu não conseguia me reconhecer. Não sabia quem eu era nem o que eu deveria fazer. Eu olhava pra mim e repetia comigo mesma: "tô tão cansada...".

Teve um dia que eu rezei muito pra que Deus deixasse eu te ver. Eu queria ver só você, mas se junto viesse o dom de ver outras pessoas, tudo bem. Depois, fiquei morrendo de medo de começar a ver o que não se vê normalmente.

Você partiu e, não sei se você sabe, fiz e pensei coisas inacreditáveis. Me reinventei, me reergui, me recompus. Como um vaso quebrado, juntei todos os caquinhos de mim e fui colando um por um. Com calma, com paciência, com amor.

Você dizia que eu era uma pessoa muito boa, lembra? Fiquei melhor ainda depois de você e por você. Essa é a parte mais linda da história, sabia, barbudinho? É saber que você me fez crescer e me transformou em alguém melhor; é saber que eu te ajudei a ter últimos momentos verdadeiros e felizes.

Um comentário:

lourdes disse...

Mi...que palavras lindas...Mas aquele moço tem razão quando diz que o Gio ficará feliz em ver voce seguindo seu destino.