sábado, 9 de outubro de 2010

365 dias.



'Existe sempre uma esperança de que o divino
olhe cá embaixo e perceba que é
preciso um sopro,
um nada para que tudo caiba novamente
onde sempre esteve
embora seja uma coisa muito clara
o fato de que foi preciso quebrar os ovos para nascer
e que sim, foi bom.'

Cristiane Lisbôa





Mas a esperança, mesmo que apagadinha, continua aqui. Algumas vezes pedindo timidamente; noutras, implorando e suplicando desesperadamente, para que o Divino olhe cá embaixo. Para que o Deus nos dê um calmante - ou até mesmo um sonífero - para amenizar a dor. Para que os Santos todos nos conte histórias bonitas para aumentar nosso entendimento. Para que a maior Santa nos dê o colo de mãe que nem nossa mãe é capaz de dar. Sempre se tem essa esperança, mesmo que ela exista bem no nosso fundinho da alma.

E eu que pensei que iria conseguir tirar de letra esses dias de outubro. É mais difícil do que pensei. E não faz sentido ser mais difícil só porque é outubro. Mas é.

Exatamente há um ano, nessa hora, eu estava almoçando com você, fedo. Lá no Ponto do Sabor. Antes, tínhamos ido ao shopping, tomamos café lá e compramos o tênis lindo do Gui. Cochilamos depois do almoço, lembra? Eu estava completamente podre da gripe. O dia de hoje, há um ano, foi exatamente o último dia que te vi, te senti, te ouvi, te beijei, te abracei. Se eu soubesse, não teria voltado para Prudente. Ficaria. Mesmo se fosse pra passar só mais dois dias inteiros junto de você. Dois dias que fazem tanta diferença... dois dias a menos de saudade insuportável.

Meu coração até para um pouco de bater quando me lembro de nós em Londrina, sabia? Ele para, assustado, fica meio fracote de tudo, coisa bonita. Porque foi tão lindo. Foi tão doce. Foi tão gostoso. Foi de um jeito tão legal que eu fico até em dúvida se vivi mesmo tudo isso. Acredita nisso, fedo? Dá pra acreditar? Você me faz tanta falta, senhor Giovani, que eu nem sei mais porque eu ainda choro tanto. Porque lágrima nenhuma te traz de volta pra mim.

Sobrevivi um ano sem você. Consegui. Não vivi, sobrevivi. Hoje percebo isso. Não estabeleci metas, nem planos, nem tive sonhos durante esse ano. Foi um ano vivido só para sobreviver, para me manter equilibrada, para me consertar, para me reinventar de um jeito que me permitisse me firmar num mundo sem você. Não sei se consegui, fedo... acho que sim. Mas ainda é difícil. Foi o ano mais difícil da minha vida.

Quando as coisas vão melhorar, nego véio? Quando eu vou me conformar? Quando a vida vai me mostrar de novo que apesar de tudo ainda vale a pena?

Fica bem, tá? Eu amo você, muito, mais que a mim mesma.

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