terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

deixe ir.


'Acho que eu não tinha outra escolha.
Ou ter gana ou ter uma vida ruim.
Se for viver, que seja por inteiro.'

Cris Guerra






Quando algo totalmente inesperado e inaceitável acontece, a gente duvida de muitas coisas, ou melhor, de tudo. Inclusive da vida. É um desespero enlouquecedor, fedozinho. Uma vontade enorme de chorar a vida inteira, de maldizer tudo e todos, de desacreditar. A gente sente uma dor tão profunda que eu não sei nem te explicar. A gente acha que não vai conseguir nunca sair dessa, e aí a gente fica muito triste, nego véio, porque o que a gente queria mesmo, apesar de tudo, era só ser feliz.

Depois de um tempo, a gente se surpreende com a nossa própria força, sabe? E se surpreende também com a força que vem de outros. A gente percebe que estamos todos no mesmo barco, sujeitos a qualquer tipo de maldade, mas também a qualquer tipo de bondade. O coração fica confuso, coitado!, e não tem ideia porque continua batendo, mas sabe que precisa disso.

Quando a poeira baixa um pouco, a gente vai se surpreendendo com as novas coisas que a vida traz. A gente continua aprendendo, embora a gente ache que já aprendou o suficiente. A vida nos faz chorar por outras coisas também, a vida nos faz sorrir por outras coisas também. E quando a gente para um pouco pra pensar em tudo o que aconteceu, pensando que passou, lá vem a surpresa de novo nos dizendo que nada passou, embora tenha ficado pra trás.

A partir deste momento o rebuliço toma conta de tudo. Porque embora doa, a gente não quer que passe, porque a gente não quer deixar pra trás. Mas o que a gente precisa mesmo saber, e entender, é que deixar pra trás não quer dizer jogar fora num passado escuro e sombrio e esquecer de vez. Muito pelo contrário. Deixar pra trás é, muitas vezes, guardar aquilo que foi tão lindo no lugar mais especial que há dentro de nós, para que a gente nunca se esqueça, e para que não nos tire forças nem esperanças. É saber colocar no passado o que é o passado, mas deixar que contamine o presente quando necessário, pra gente sempre ter certeza que existiu e aconteceu, mas que foi. Foi pra um outro lugar mais bonito e que não cabe mais a nós querer trazer de volta.

Tenho a maior felicidade por você ter feito parte da minha vida, por você ser parte fundamental de minha história. Apesar de toda dor, teria feito as mesmas escolhas que fiz, do mesmo jeito, sem mudar nada.

No fim das contas, coisa bonita, a gente precisa aprender a separar o que foi, o que é e o que pode ser. Talvez por sobrevivência. E, acima de tudo, temos que compreender que deixar ir não é esquecer. Deixar ir o que amamos é amar ainda mais.

Leva aquela parte mais bonita do meu coração contigo, lindudo. Porque é teu, sempre foi. Coração se refaz, demora um bocado, mas se refaz.

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